Luz Natural • 2010/2011

Imagens de céu são imagens da própria luz. O azul do céu não é uma qualidade cromática de um plano físico, mas o resultado da refração dos raios de luz através das camadas da atmosfera - é a expressão visível do vazio. E os volumes brancos das nuvens não são corpos opacos, mas sim volumes flutuantes de gás em constante transformação. Essas imagens são virtuais por excelência e mostram a condição ilusória de nossa percepção visual.

Os trabalhos da série Luz Natural utilizam imagens fotográficas de céu fragmentadas em tiras, apresentadas numa série de tubos luminosos. Posicionados verticalmente na parede, lado a lado com um intervalo entre eles, esses tubos em conjunto formam uma só imagem em sua totalidade. A forma tubular permite a projeção de porções da imagem na parede visíveis através dos espaços entre os elementos. Assim, a apreensão total da imagem é dada pelos fragmentos nos tubos luminosos e pela projeção na parede.



"Entre o modelo fotográfico e a apresentação formal, se estabelece uma relação contraditória: a repetição cadenciada das lâmpadas recobertas de fragmentos de uma fotografia dá uma aparência de regularidade a qual é, no entanto, resultado de uma espécie de objetificação da fotografia. E a sua aparência de unidade é produto da manipulação da imagem. Acentuada pela back-light, a imaterialidade, remete a estruturas de outro espaço da representação, ou de um efeito ilusionista no interior da ilusão. Submetida a um corte serial, a imagem do céu, cria a ilusão de uma unidade construída por fragmentos do fragmento; e a serialidade, por sua vez, indica a possibilidade de reconstruirmos mentalmente o contínuo infinito do céu." (Glória Ferreira)