Visível Invisível • 2002

fotografias


Desenvolvido dentro do Programa de Bolsas RioArte (Prefeitura do Rio de Janeiro), o projeto Visível Invisível propõe uma experiência da paisagem a partir da reciprocidade - o ato de ver aquilo que nos olha. O título se refere a uma parte da paisagem que não está no olhar, está fora dele, é invisível. Fala de um sentido complementar ao ato de ver.

O trabalho consiste da realização de vários pares de fotos simultâneas da paisagem no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, a partir de pontos de vista que se incluam mutuamente nos enquadramentos - o ponto central de cada imagem é a origem da imagem ao lado. Cada par de fotos apresenta uma espécie de parêntesis (um espaço de interseção) numa certa direção do espaço visual. Quando apresentados em conjunto, os pares de fotos sugerem uma nova apreensão da paisagem em sua totalidade, por meio desses deslocamentos e complementos do olhar. O mapa acima mostra esquematicamente as linhas que unem os olhares entorno da lagoa.



"O desejo de surpreender “o visível e o invisível da cada imagem” é resistir ao afastamento implicado no ato de ver renascentista, inaugurado pela matematização do espaço da perspectiva central. Não que tenhamos que contestá-la por contestar. Mas, a partir da modernidade, quando os saberes se voltaram sobre si mesmo, a visão a partir da interioridade passou a ser uma necessidade. Passamos a viver a crise das duas dimensões e a reivindicar um espaço tridimensional, que nos propiciasse uma relação mais confortável com a realidade do mundo atual: não mais tonificar o afastamento possível da profundidade, que ativa a frontalidade, mas buscar a experiência da e na própria profundidade." (Marcio Doctors)